14/09/2019 PEAC

Na tarde desta sexta(13), conselheiros de diversas comunidades do estado visitaram o Quilombo Pontal da Barra no município de Barra dos Coqueiros, a programação fez parte da nona reunião do Conselho Gestor e seu curso de formação. Seu Robério, representante da comunidade, contou a história do seu território, o reconhecimento como remanescente de quilombo e as dificuldades vivenciadas devido aos grandes empreendimentos.

Hoje, o quilombo conta com 700 pessoas e 150 casas construídas. No entanto, foram muitas dificuldades enfrentadas para chegar onde estão, antigamente eles moravam em casas de palha na margem do rio Japaratuba e quando a maré enchia, entre março e setembro, havia diversas enchentes no local, o que tornava o lugar insalubre, e preconceituosamente chamado de Ilha do Rato.

Em 2006 foram reconhecidos como quilombolas, porém ainda não possuíam um território para seu bem viver. Então, em maio de 2009 aconteceu uma grande enchente e ocuparam outro local para poderem ter moradia, mas esse lugar foi negado e passaram por muitos processos para conseguir o território onde vivem. 

Roda de conversa em rua do Quilombo Pontal da Barra.

“Aqui as crianças acompanham os passos dos pais na pesca e na mariscagem, vivemos da pesca e do beneficiamento do pescado no mar e no rio japaratuba.”

Para o quilombo que tem tradições pesqueiras e marisqueiras, era fundamental a moradia ser perto do mar. Assim, seu Robério conta que foi preciso resistir aos grandes que queriam transformar o atual território onde vivem em um Resort.

Além disso, os grandes empreendimentos no mar como embarcações e poços de petróleo,  e na terra como a Usina Eólica, Termelétrica e condomínios vêm prejudicado as dinâmicas de vida e o trabalho dessa comunidade, por exemplo, o aumento do trajeto do pescador, juntamente ao preço do combustível para o barco e o gasto de tempo.

Seu Robério. Fotografias: Jhon Macario

Ademais, o pescador não pode chegar na área dos grandes empreendimentos por que é restrita,  e corre o risco de ser preso e ser apreendido seu barco e seus produtos. Ainda o rejeito dessas construções tem diminuído a quantidade de peixes e facilitado o desaparecimento das espécies nativas.

A realização do Peac é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA.