30/08/2019 PEAC

Questões econômicas relacionadas à exploração de petróleo e os impactos socioambientais oriundos desta atividade econômica foram o tema da segunda etapa do II Seminário para o Controle Social dos Royalties de Sergipe, realizado nesta quinta, 29, no auditório da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (ADUFS). O evento teve início nesta quinta, 29, e segue até a sexta, 30.

Com o tema “Geopolítica do petróleo, transformações recentes no mercado de petróleo e gás no Brasil e os impactos socioespaciais sobre comunidades tradicionais”, a segunda mesa redonda do seminário aprofundou o debate através de informações e análises trazidas por Roberto Moraes Pessanha, pesquisador do Instituto Federal Fluminense (IFF), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), e o economista Ricardo Lacerda.

Considerado um dos maiores especialistas brasileiros no debate sobre circuitos espaciais de petróleo, Roberto Moraes apresentou elementos fundamentais para compreender as dimensões geopolíticas, econômicas, territoriais e infraestruturais do petróleo.

“O petróleo lubrifica o capitalismo, já dizia o alemão Elmar Altvater. É a mercadoria lícita mais comercializada no mundo inteiro, pois é a que gera mais lucro e produz mais riqueza, além de estar mais relacionado à demanda do que ao custo de produção. Antes mesmo de falarmos sobre globalização, ele sempre possuiu características globais, pois circula no mundo inteiro sobre a forma de derivados, combustíveis e petroquímicos. Por isso é tão disputado”, explicou o pesquisador do IFF/UERJ.

O economista Ricardo Lacerda falou sobre as recentes transformações na produção e comercialização do petróleo no Brasil e como elas repercutem em Sergipe. “Algumas questões da crise do petróleo tem a ver com cenários internacionais. Um exemplo disso é a variação do preço do barril do petróleo nos últimos anos. Quando isso acontece, é normal que os países revejam a produção de petróleo, pois alguns campos menos rentáveis são deixados para segundo plano. Isso aconteceu com o Brasil também”, afirmou o economista.

Ricardo Lacerda falou sobre as recentes transformações na produção e comercialização do petróleo

A mesa foi fundamental não só para aprofundar o debate sobre o assunto entre os diversos segmentos da população, mas também para desmistificar as falácias relacionadas aos discursos de “desenvolvimento econômico” e “diversificação econômica” e os impactos negativos que são trazidos junto com essas palavras. “A “diversificação econômica” é uma retórica muito usada hoje para justificar um desenvolvimento econômico que expulsa as pessoas de suas regiões de trabalho e de moradia. Aonde existe uma dependência quase total da atividade do petróleo e, por consequência, dos royalties, tudo fica mais caro.

Essa é a contradição de investir em uma atividade que impacta negativamente a população, principalmente os povos e comunidades tradicionais”, explicou Roberto Morais, ao citar exemplos de cidades como Maringá e Niterói, no Rio de Janeiro (RJ).