13/09/2019 PEAC

O assunto foi debatido nesta manhã(13) na nona reunião do Conselho Gestor do Peac juntamente ao seu Curso de Formação, com a mesa “Partilha da Conjuntura Política de Sergipe”, na qual Clécia, Maria José e Robério, representantes de comunidades tradicionais do estado, explanaram a situação dos seus territórios.

O evento começou com uma mística de Cartografia Social para retratar as potencialidades e resistências no estado, os personagens representavam as comunidades e seus modos de vida em contraste com os grandes empreendimentos. O intuito da dinâmica era refletir em como essas construções têm modificado os territórios de vida das comunidades, ao ponto de acabar com os seus locais de trabalho e moradia.

Dinâmica de Cartografia Social

O litoral norte do Estado, onde reside Maria José mais conhecida como Deca, é o território mais marcado pelos empreendimentos da carcinicultura. Em Brejo Grande, região banhada pelo rio São Francisco, ela conta que antes tinham muitas plantações de arroz mas hoje os tanques de carcinicultura se apropriam cada vez mais desse território de vida.  Ao ponto que, ela como outros pescadores e marisqueiras se sentem prisioneiros em suas casas devido ao cercamento das águas e do mangue, espaços de trabalho e de reprodução de vida.

Maria José(Deca) e Clécia durante a mesa.

“Para onde vão os moradores da praia de Jatobá, para onde vão os rejeitos” diz seu Robério sobre a situação das comunidades tradicionais da Barra dos Coqueiros.

Seu Robério, pescador, quilombola e representante da comunidade de Pontal da Barra no município de Barra dos Coqueiros, vive ao longo dos anos com uma modificação da paisagem do seu território por conta de grandes empreendimentos como a Usina de Energia Eólica, a Termelétrica, Complexo da Votorantim e o Porto de Sergipe.  Ele relatou como essas construções alteraram as dinâmicas de vida da comunidade, ao diminuir o espaço de trabalho e de moradia. Além dessas restrições, os moradores ainda correm o risco de perderem seus lares sem garantia de reparação.

Seu Robério durante a mesa.

Clécia, moradora do povoado Preguiça localizado no sul do estado, também mencionou a redução da paisagem territorial em sua comunidade a partir das fazendas de plantação do Eucalipto e dos tanques de Carcinicultura. Ela expôs problemas também na saúde da população devido essas explorações “A carcinicultura traz doenças como câncer”. Elienaide também moradora do povoado e Analista do Peac, informou que o salgamento das águas e exploração da madeira dos manguezais também têm dificultado a vivência da comunidade. 

Clécia e Maria José(Deca) durante a mesa

Como resultado da discussão, os conselheiros debateram a importância de defender seus territórios de vida. Visto que, além dum conjunto de lares, o manguezal e seu entorno garante o sustento das marisqueiras e pescadores, marcam seus modos de vida e é fundamental ecologicamente, como explica Geonísia Vieira “O cheiro do mangue é o nosso cheiro, porque ali a gente está se sentido limpa e também protegida”.

 A realização do PEAC é uma exigência do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA.